Doses maiores

14 de agosto de 2016

A Escola sem Partido na caverna de Platão

A famosa parábola de Platão narra a situação de alguns homens que sempre viveram em uma caverna. Obrigados a ficar voltados para seu interior, eles acreditavam que as sombras projetadas nas paredes pela luz externa representavam toda a realidade.

Quando um deles consegue sair, descobre que do lado de fora, a vida real apresentava muito mais cores, sons, volume, sensações. De volta à escuridão, tentou convencer seus pares da ilusão de que eram vítimas. Foi considerado louco e morto por eles.

Os partidários do Escola Sem Partido tentam identificar os professores de esquerda como os cultuadores das sombras dessa fábula platônica. Seriam eles os responsáveis por manter seus alunos escravizados a suas ideologias sombrias.

Mas o principal alvo dos defensores dessa proposta é o direito à explicitação das diferenças. Sejam elas religiosas, sexuais, étnicas, culturais, políticas...

Os promotores da Escola sem Partido fingem ignorar que divergir entre si é uma das “especialidades” das forças de esquerda. Muitas delas gostam de se considerar superior às outras. Mas nem por isso, a maior e melhor parte delas defende exclusividade para suas visões.

Já a direita, adota um comportamento fundamentalista, tal como definido pelo marxista Terry Eagleton em entrevista publicada pelo El País em 12/08:

“...o fundamentalismo tem suas raízes não no ódio, mas no medo. O medo de um mundo moderno e mutante, em que tudo está em movimento. Onde a realidade é transitória e com um final não definido. Onde as certezas e os pilares mais sólidos parecem ter desaparecido”.

Contra a escola das cavernas, a coragem da educação exposta à luz do dia.

Leia também: Escola sem Partido, mas dominada por ideologias conservadoras

3 comentários:

  1. Sim, precisamos ser rigorosos. Discordar do projeto exige também um esforço da esquerda sobre como defender suas ideias e valores sem doutrinação e com respeito pela inteligência e sensibilidade das pessoas.
    Abraço!

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