Doses maiores

18 de junho de 2018

O respeito de Marx pela natureza

Tornou-se comum dizer que Marx defendia a exploração dos recursos naturais como se não houvesse amanhã. Em “Marx estava certo”, Terry Eagleton mostra que não é bem assim. Em primeiro lugar, diz ele:

Como uma troca “metabólica” entre a humanidade e a natureza, o trabalho, para Marx, é uma condição “eterna” que não se altera. O que se altera (...) são as várias formas que nós, humanos, usamos para trabalhar a natureza.

Mas para Marx:

...a relação entre a natureza e a humanidade não é simétrica. No fim, como ele observa em “A ideologia alemã”, a natureza é que dá as cartas. Para o indivíduo, isso se chama morte. O sonho faustiano de progresso sem limites em um mundo material magicamente reativo ao nosso toque ignora “a prioridade da natureza externa”. Hoje, isso não é mais conhecido como sonho faustiano, mas como sonho americano.

Além disso, em “O capital”, Marx descreve a natureza:

...como o “corpo” da humanidade, “com o qual [ela] precisa estar em constante intercâmbio”. (...) Quando essa reciprocidade de ser e natureza se rompe, sobra para nós um mundo capitalista sem sentido, em que a natureza não passa de algo flexível para ser moldada da forma que nos convier. A civilização se torna uma vasta cirurgia plástica.

Outro trecho da mesma obra afirma:

Mesmo uma sociedade inteira, uma nação ou até todas as sociedades simultaneamente existentes não são proprietárias do globo. São apenas suas detentoras, usufrutuárias, e como (...) “bons pais de família” precisam passá-lo em condições melhores de geração em geração.

Os marxistas sempre buscarão um modo de garantir o amanhã.

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