Doses maiores

20 de setembro de 2018

Marx pira na teoria da conspiração russa

David Urquhart era um aristocrata escocês que chegou a ser representante do Partido Conservador no parlamento britânico. Mas é mais lembrado por ter introduzido as saunas a vapor na Inglaterra.

Esse personagem, certa vez, cismou que o ministro das Relações Exteriores, Lorde Palmerston, seria um agente secreto russo. Tendo conhecido Urquhart em um jantar, Marx tomou conhecimento da esdrúxula tese e aderiu a ela com entusiasmo.

Afinal, a teoria combinava perfeitamente com o ódio e a desconfiança de Marx em relação à Rússia czarista. A ideia estapafúrdia chegou a render vários artigos para o “New York Tribune”, no final de 1853.

Mas o próprio Marx parecia saber de onde estava metido. Em uma carta a Engels de 9 de fevereiro de 1854, referiu-se ao escocês, escrevendo:

A ideia mais cômica desse sujeito é esta: os russos dominam o mundo por terem uma região no cérebro que os outros povos não têm. E para enfrentá-los, é preciso ter o cérebro de um Urquhart. Mas se você tiver a infelicidade de não ser um Urquhart, deve, pelo menos, acreditar no que Urquhart acredita. Ou seja, deve ser um urquhartitista.

Felizmente, Marx estava ocupado demais sendo marxista e logo se afastou do escocês maluco para voltar a se dedicar à redação de “O Capital”.

Marx só voltaria a ter notícias sobre o aristocrata excêntrico por Engels, que, em carta de 1858, informou que Urquhart tinha sido condenado por infanticídio. Ele havia causado uma congestão cerebral num bebê ao levá-lo para uma sauna.

Esse é mais um curioso episódio revelado por Francis Wheen em sua biografia de Marx.

Nenhum comentário:

Postar um comentário