Doses maiores

11 de outubro de 2018

Ganhando eleições, perdendo hegemonia


Segundo matéria do Jornal GGN, a Universidade Federal de Minas Gerais criou o projeto “Eleições Sem Fake”. Fabrício Benevenuto, seu criador, garante:

Monitoramos 272 grupos que debatem política, 37 deles só de Bolsonaro. Somos um sistema enviesado porque há mais grupos de apoiadores dele do que de outros candidatos.

A reportagem revela que:

Todos os grupos acompanhados servem para produzir respostas às notícias publicadas pela imprensa. Por exemplo, depois que, com base em documentos do Ministério das Relações Exteriores, a Folha de S. Paulo noticiou que uma das emulheres de Bolsonaro relatou ter sido ameaçada por ele em 2011, todos os grupos divulgaram um vídeo em que a Ana Cristina Valle “desmente” a informação.

Trata-se de um tipo de comunicação subterrânea, mas capilarizada. Subcutânea, mas vascularizada. Micro, mas molecular.

Enquanto isso, passávamos horas em reuniões cansativas e realizadas em horários adequados apenas para profissionais da militância. Enquanto isso, mal conseguíamos avançar na luta pela democratização da grande mídia. Criávamos bolhas tão confortáveis quanto autocentradas. Ocupávamos gabinetes e nos ocupávamos de teses acadêmicas.

Mas quisera fosse só isso. Desprezamos e abandonamos quase todas as lideranças dos explorados. As de bairros, as religiosas e as populares em geral. Ficaram aos cuidados dos conservadores.

Valores conservadores retiram sua força de séculos de dominação brutal. Valores progressistas enfrentam uma poderosa corrente contrária. Sua defesa exige determinação, imaginação e a paciência que não temos.

Estávamos ocupados ganhando eleições e sendo derrotados na disputa de hegemonia. Perdemos feio batalhas fundamentais. Tornou-se quase impossível vencer a atual fase da guerra. Agora, é aprender com nossos erros e nos preparar para a próxima.

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