Doses maiores

7 de outubro de 2019

O “tai chi chuan” da resistência indígena

“Ideias para adiar o fim do mundo” é o mais recente livro de Ailton Krenak, líder indígena e ambientalista.

O apocalipse sempre esteve muito perto dos povos originais das Américas graças à fúria exploradora dos colonizadores europeus.

Tendo em vista essa terrível experiência, Krenak faz perguntas e imagina respostas:

Como os povos originários do Brasil lidaram com a colonização, que queria acabar com o seu mundo? Quais estratégias esses povos utilizaram para cruzar esse pesadelo e chegar ao século XXI ainda esperneando, reivindicando e desafinando o coro dos contentes? Vi as diferentes manobras que os nossos antepassados fizeram e me alimentei delas, da criatividade e da poesia que inspirou a resistência desses povos...

Krenak diz que os brancos chegaram aqui impondo a Bíblia, a cruz, o colégio, a universidade, a estrada, a ferrovia, a mineradora, a porrada. Mesmo assim, os indígenas continuam aí, resistindo.

É por isso que, em 2018, ao ser perguntado sobre o que aconteceria a seus parentes caso Bolsonaro fosse eleito, ele respondeu:

Tem quinhentos anos que os índios estão resistindo. Eu estou preocupado é com os brancos. Como que vão fazer para escapar dessa. A gente resistiu expandindo a nossa subjetividade, não aceitando essa ideia de que nós somos todos iguais.

Afinal, diz ele, “ainda existem aproximadamente 250 etnias que querem ser diferentes umas das outras no Brasil, que falam mais de 150 línguas e dialetos”.

É toda essa resistência na diversidade que o faz recomendar que adotemos uma espécie de “tai chi chuan” da luta indígena: “Quando você sentir que o céu está ficando muito baixo, é só empurrá-lo e respirar”.

Leia também: Povos indígenas: da autodemarcação à autodefesa

3 comentários:

  1. Muito legal, bacana mesmo. Em tempos sombrios nada como o conhecimentos dos povos antigos.

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  2. O conhecimento e a resistência dos povos originários têm sido tônicas mais efetivas do q as políticas dos brancos para a manutenção de muitas de nossas áreas naturais remanescentes.
    Grande abraço!

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