Doses maiores

21 de janeiro de 2020

Stalinismo: um cadáver a ser dissecado

Em janeiro de 2018, Rui Kureda nos deixou. Felizmente, ele também nos deixou importantes contribuições para a luta revolucionária. Uma delas é “O Fantasma de Stálin”, artigo no qual identificava um fenômeno ainda em formação: o retorno do stalinismo.

Referindo-se à condenação generalizada do stalinismo a partir dos anos 1960 do século passado, Rui afirmava que ao ser “mandado ao inferno”, Stálin, de certo modo, levou consigo também o socialismo revolucionário.

No rastro da correta e justa condenação e abandono do stalinismo, seguiu-se a adesão de vastos setores da esquerda à conciliação de classes e ao abandono das alternativas revolucionárias.

Mas quando os caminhos reformistas para a transformação social se mostraram bloqueados, a necessidade que muitos setores militantes sentiram de retomar a luta revolucionária passou a se confundir com a exumação do stalinismo.

Foi por isso que Rui desaconselhou “considerar o stalinismo como ‘cachorro morto’”. Afinal, dizia ele:

Se a crise histórica do stalinismo é uma realidade, é preciso reconhecer que o acerto de contas teórico-político com o legado stalinista é uma tarefa que ainda não foi cumprida. Para muitos esse acerto pode parecer uma simples especulação sobre o passado, pois aparentemente a incidência desse debate na atualidade está longe de ter a urgência de antes.

“Aparentemente”, ressaltava o artigo, que é de 2003. Já naquele momento, Rui advertia ser urgente que “o cadáver do stalinismo” fosse “dissecado, para que o fantasma de Stalin seja definitivamente exorcizado”.

A esquerda revolucionária continua devendo essa tarefa. O fantasma já circula com mais desenvoltura. Retomar a leitura do artigo do Rui é um bom começo para buscarmos esconjurá-lo definitivamente.

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