Doses maiores

25 de março de 2020

Anticorpos contra o fascismo: o populismo

A grande mídia tem apontado o populismo de alguns governos como um dos grandes responsáveis pela tardia ou irresponsável reação ao coronavírus-19.

Populistas, nesse caso, seriam Trump, Bolsonaro, Boris Johnson...

Mas o fato é que populismo tem sido o conceito favorito da grande mídia e de seus “especialistas” quando se trata de evitar termos mais pesados, como fascismo.

Afinal, como considerar fascista um governante como Bolsonaro e continuar a apoiar muitas de suas decisões?

No seu livro “As novas faces do fascismo”, Enzo Traverso tenta esclarecer essa confusão.

Para o consenso estabelecido, diz ele, populismo seria “um procedimento retórico que consiste em exaltar as pessoas comuns, opondo-as à elite (...) a fim de mobilizá-las contra o ‘sistema’”.

Segundo essa categorização capenga, populistas seriam Sarkozy, Berlusconi e Orbán, assim como Chávez, Morales e Kirchner. O problema é que são ignoradas as muitas diferenças ideológicas radicais entre essas lideranças.

Chávez, por exemplo, seria um populista porque usaria a demagogia como técnica de comunicação. Mas seu populismo era a forma mais consistente de resistência política contra a globalização neoliberal em seu país, afirma o autor.

Já, os partidos “populistas” da Europa Ocidental se caracterizam por suas propostas xenófobas e racistas, procurando retirar direitos e conquistas das camadas mais baixas e marginalizadas da população.

Nesse último caso, trata-se de fascismo, não de populismo. E a forma como vêm reagindo à  atual pandemia só reafirma isso. Trump e Bolsonaro infestam o ar de fascismo sempre que abrem a boca para falar sobre o coronavírus.

Voltaremos ao tema, pois nos interessa desenvolver defesas eficazes tanto contra o coronavírus como contra o fascismo.

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