Doses maiores

19 de março de 2020

Coronavírus-19 e luta de classes

Mike Davis é um escritor, militante político, urbanista e historiador estadunidense. Suas investigações dedicam-se principalmente às relações entre poder e classes sociais.

Mas entre suas maiores preocupações estão também os sérios riscos patológicos causados pela organização capitalista da produção. É o caso de recente artigo publicado pelo portal da Boitempo, sobre as relações entre a pandemia do coronavírus-19 e a luta de classes.

Um trecho é tristemente esclarecedor:

...quem dispõe de um bom plano de saúde e também tem condições de trabalhar ou lecionar de casa está confortavelmente isolado, contanto que siga com prudência as diretrizes de segurança. Funcionários públicos e outros grupos de trabalhadores sindicalizados que gozam de uma cobertura decente terão de fazer escolhas difíceis, optando entre renda e proteção. Enquanto isso, milhões de trabalhadores de baixa renda do setor de serviços, trabalhadores agrícolas, desempregados e sem teto estão sendo atirados aos lobos.

Davis também lembra o que escreveu em seu livro “O monstro bate à nossa porta”, de 2005:

O acesso a medicamentos vitais, incluindo vacinas, antibióticos e antivirais, deveria ser um direito humano, universalmente disponível a preço zero. Se os mercados não tiverem condições de fornecer incentivos para produzir tais drogas de maneira barata, então os governos e as organizações sem fins lucrativos deveriam assumir a responsabilidade por sua manufatura e distribuição. A sobrevivência dos pobres deve sempre ser prioridade sobre os lucros do grande complexo farmacêutico.

É com esse tipo de proposta que podemos transformar a tragédia social que surge no horizonte em oportunidade para emperrar a máquina de morte e doenças do capitalismo. Mas não esperemos iniciativa alguma de governos.

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