Doses maiores

2 de março de 2020

Fascismo é, antes de tudo, violência

Antes de tudo, devemos declarar novamente que, para os fascistas, a violência não é um capricho ou um propósito deliberado (...). É uma necessidade cirúrgica. Uma necessidade dolorosa (…). Para nós, a violência é uma exceção, não um método ou um sistema...

Estas palavras foram escritas por Benito Mussolini no artigo "Sobre a violência", de 25 de fevereiro de 1921. São citadas por Antonio Scurati, em seu livro “M, O Filho do Século”.

Mas o mesmo autor mostra que em setembro daquele mesmo ano, nos debates que antecederam a realização do congresso nacional fascista de Roma, o grande dilema era: fundar um partido ou um exército?

A resposta viria com a seguinte formulação: “melhor um partido, mas capaz de se transformar em um exército. De transformar imediatamente seus membros em soldados prontos para lutar no terreno da violência. Um partido de milícia.”

E novamente em 1921, em 9 de novembro, reunidos em congresso na capital italiana, os fascistas criam seu partido nacional. O manifesto de fundação afirmava que “com o método da violência, enterramos todos os métodos anteriores”.

Ou seja, tal como é costume na extrema-direita, aquelas primeiras palavras de Mussolini eram falsas. A violência é, sim, o principal método fascista. E isso ficou provado em várias ocasiões na Itália e Alemanha. Espancamentos e assassinatos vitimaram milhares de militantes sindicais e de esquerda. Várias vezes, sob escolta ou colaboração da polícia e do exército.

Ou seja, no combate ao fascismo, a violência é uma questão incontornável. Mas só a esquerda anticapitalista pode realmente enfrentá-la. Esperar a reação dos poderes instituídos é inútil. E perigoso.

Leia também: Mussolini e seu exército de odiadores pequeno-burgueses

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