Doses maiores

12 de março de 2020

Itália,1920: os socialistas vacilam. Os fascistas, não

Abril de 1920, Nicola Bombacci chega a Copenhague, Dinamarca. O mais popular dos socialistas italianos vai ao encontro de dois enviados soviéticos: Maksim Litvinov, comissário para assuntos externos, e Leonid Krasin, chefe do comissariado para o comércio exterior.

Bombacci pretendia discutir a revolução italiana com eles. Mas não teve chance. Um e outro foram claros. Sua prioridade era retomar relações comerciais e políticas entre Moscou e os estados capitalistas. Nada mais.

Era o isolamento da Revolução Russa que começava a cobrar um preço alto demais não só dos bolcheviques, mas também dos revolucionários no restante do mundo.

Alguns anos mais tarde, a contrarrevolução stalinista resolveria esse problema da pior maneira possível: qualquer processo revolucionário deveria ser sacrificado se isso fosse considerado necessário para preservar o estado soviético. Em nome desse imperativo, muitas revoluções seriam não apenas desencorajadas como abertamente combatidas.

Mas no caso italiano, não seria justo responsabilizar apenas os bolcheviques. Os socialistas moderados eram maioria no partido e o sucesso eleitoral de 1919 dava-lhes a esperança de conquistar transformações radicais pelo voto. Nem mesmo a grande onda de ocupações de fábricas acontecida recentemente mudou essa perspectiva.

Enquanto isso, também em 1920, o segundo congresso nacional dos fascistas promoveu uma guinada à direita. O programa de 1919, cheio de exigências de esquerda foi completamente abandonado. Agora, o objetivo era fazer a “revolução fascista”, anticomunista e a serviço da burguesia.

Era a enorme e destruidora onda fascista começando a surgir. Ocupando o vazio político deixado tanto pela indecisão dos socialistas italianos entre o caminho revolucionário e a via eleitoral como pelas primeiras manifestações do pragmatismo estatal soviético.

Leia também: Itália, 1919: fascistas e socialistas defendem propostas semelhantes

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