Doses maiores

29 de outubro de 2010

Carta ao século 19: estranhas viagens

Concidadãos, vocês bem sabem que gosto de acompanhar os avanços das ciências e técnicas. Sempre fui um otimista em relação às invenções humanas.

Dessa forma, não me surpreendi em demasia com as maravilhosas máquinas feitas para voar que encontrei aqui, no século 21. São aparelhos fantásticos, que carregam milhões de pessoas de um lado a outro, a enormes velocidades e com grande conforto. São os aviões.

Recentemente, me deixei transportar num deles. Maravilhosa experiência. Cobrimos cerca de 3 mil quilômetros em poucas horas. Tempo bem ocupado com excelente serviço de refeições e refrescos.

Mas algumas coisas me espantaram negativamente. Em primeiro lugar, o deslocamento rápido torna a viagem simples transferência. Sem paisagens para se ver, lugares por onde passar, pessoas a quem conhecer. A isso mal podemos chamar de viagem.

E o pior é que chegados ao destino, nos deparamos com um cenário muito parecido com o que deixamos há milhares de quilômetros. São as mesmas construções, casas de negócio e comércio, modos de vestir, formas de falar.

São os mesmos apetrechos, aparelhos, equipamentos. Em tudo e por todos os lugares reencontramos idênticas marcas comerciais, expostas em grandes cartazes.

Parece que as pessoas do século 21 deslocam-se a grande velocidade para alcançar um destino que é praticamente igual ao lugar de onde saíram. E lá chegando, não têm muito o que aprender com os hábitos e costumes da gente local. Por isso, gastam grande parte do tempo despendendo dinheiro.

É por isso que viajar tornou-se um negócio bastante promissor. Chamam-no de turismo.

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