Doses maiores

18 de novembro de 2010

O problema do Enem é o próprio Enem

Na recente polêmica sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maioria tem insistido em olhar as árvores e esquecer a floresta. Em 17/11, o deputado Ivan Valente fez um discurso na Câmara Federal que pode ajudar a enxergar melhor a questão.

O deputado do PSOL-SP lembra que o Enem foi criado no governo Fernando Henrique. Na época, a prioridade passou a ser a avaliação do sistema de ensino em prejuízo de sua qualidade. Os tucanos conseguiram a proeza de esconder as péssimas condições da educação nacional por trás de uma avaliação que as confirmava. A responsabilidade passou a ser de estudantes e professores. O histórico desprezo dos vários governos pela educação pública e de qualidade continuou, mas sumiu em meio a essa poeira toda.

Ivan diz que o Enem é produto dessa mesma lógica. Segundo o deputado, o exame:
...minimiza o papel do Estado na promoção de uma educação de qualidade e maximiza o caráter individualista e competitivo na educação, importando uma lógica de mercado e incentivando a adoção de modelos de gestão privada, cuja ênfase é posta nos resultados ou produtos do sistema educacional.
O atual governo não só manteve o Enem, como ampliou sua utilização. Transformou-o num grande vestibular nacional, discriminatório e excludente. Atualmente, o exame é responsável por pouco mais de 100 mil bolsas do PROUNI e cerca de 83 mil vagas em universidades federais. De um lado, serve aos empresários da educação. De outro, a maioria daqueles que chegam às universidades públicas continua a ser formada pelos que cursaram as melhores escolas pagas.

Leia a íntegra do discurso, aqui

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2 comentários:

  1. Olha, apesar de concordar com as criticas do Ivan, acho importante ressaltar que, pelo menos, o ENEM tenta introduzir tanto em exatas quanto em humanas o raciocínio, a interpretação; ao contrario do vestibular tradicional, que apresenta muito pouco disto.

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    1. Concordo. Mas não é suficiente para retirar o caráter excludente e ilusório do exame.
      Abraço, Rodolfo.

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