Doses maiores

2 de março de 2011

Eleger ladrão pode. Ateus e gays, não

Escândalo! Deputados “fichas sujas” fazem parte de uma comissão da Câmara sobre reforma política. Entre eles, Maluf (PP), Valdemar Costa Neto (PR) e Eduardo Azeredo (PSDB). É vergonhoso. Mas, não é nenhuma surpresa. Todo mundo sabe que a política oficial admite e estimula o “rouba, mas faz”.

O que assusta mesmo são os resultados de uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo feita em 2010. Segundo o estudo, 74% dos entrevistados nunca votariam em defensores da legalização da maconha. Ateus não teriam o voto de 66%. Defensores da legalização do aborto não seriam eleitos por 57%. Praticantes de umbanda e candomblé perderiam os votos de 51%.

O moralismo e o fanatismo religioso cegam a população. Impedem que seja revelado quem é que ganha com a corrupção na política. Afinal, os que mais se beneficiam com a ação de parlamentares e governantes ladrões são os bancos e as grandes empresas.

O fato é que os parlamentos quase sempre são túmulos das exigências populares. Chocadeiras de grandes fortunas para poucos. De um lado, o poder econômico. Do outro, uma população sem consciência política. Ambos tornam os parlamentos casas de representação dos ricos e poderosos.

Apesar disso, a esquerda deve participar das eleições. Lançar candidaturas que desmascarem o caráter conservador das instituições atuais. Jamais abandonar a luta dos explorados, perseguidos e humilhados em troca de votos. Nunca deixar de organizar a população nos locais de trabalho, escolas e bairros. Lugares de onde realmente podem vir as mudanças necessárias.

Muito difícil eleger alguém com essas propostas. O que importa é trocar milhares de eleitores alienados por centenas de militantes conscientes.

Leia também: Político bom é o que rouba e faz

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