Doses maiores

4 de março de 2011

“Então, não sou uma mulher?”

Em seu livro “Uma história do povo dos Estados Unidos”, Howard Zinn diz que a primeira convenção sobre direitos da mulher aconteceu em 1848, em Seneca Falls, New York.

Depois dela, muitas outras foram organizadas em várias partes dos Estados Unidos. Em uma delas, em 1851, havia uma mulher idosa negra, nascida escrava em Nova York. Seu nome era Sojourner Truth. Alta, magra, trajando um vestido cinza e um turbante branco, ouvia alguns representantes do sexo masculino que estavam dominando a discussão. Ela levantou-se e juntou a indignação de sua raça à indignação de seu sexo:
Aquele homem ali diz que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens e passar por valetas. Ninguém nunca me ajudou em carruagens, nem me carregou sobre poças de lama, nem me cedeu o melhor lugar. Então, não sou uma mulher?

Olhem os meus braços! Eu arei e plantei, e enchi celeiros inteiros, e nenhum homem fez isso melhor que eu! Então, não sou uma mulher?

Trabalhei tanto quanto os homens, e comi tanto quanto eles, quando pude, e do mesmo jeito agüentei chicotadas. Então, não sou uma mulher?

Pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida como escravos, e quando eu chorei minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! Então, não sou uma mulher?
Assim eram as mulheres que lutavam nas décadas de 1830 e 1840 e 1850. Negavam-se a se manter em seu "lugar de mulher." Participavam de todos os tipos de movimentos. Dos presos, dos loucos, dos escravos, e também da luta de todas as mulheres.

Leia também: O falso feminismo de silicone

Nenhum comentário:

Postar um comentário