Doses maiores

18 de abril de 2011

O Rio no cinema: fofura e violência

Estreou nos cinemas o desenho animado “Rio”. A produção americana dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha é muito bem feita. Bastante humor, boa história, ritmo emocionante, belas cenas cariocas, personagens engraçados e simpáticos. Tudo muito fofo.

“Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio” deve estrear logo. O trailer mostra muita correria, violência, brutamontes, tiros e porradas. Promete ser mais parecido com a realidade carioca do que a produção de Saldanha.

É o que se pode deduzir a partir de apenas uma informação. Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), as regiões controladas pelas milícias na cidade eram 170, em 2008. Hoje, elas são 305. O deputado revelou os números enquanto se descobria um plano para assassiná-lo. Entre os responsáveis, um vereador e vários policiais.

É assim que funciona a tal “pacificação” do Rio de Janeiro. Está mais para tiros e explosões do que para ariranhas e tucanos. Com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora talvez haja menos violência escancarada. Só que o preço é alto: menos liberdade e mais vigilância. Milícia e polícia, cada um do seu lado, violentam e humilham a população pobre.

Escolher entre “Rio” e “Velozes e furiosos” fica por conta do freguês. Mas mídia e governantes preferem a fofura do primeiro. Afinal, a violência do segundo pode revelar um pouco da realidade que eles tentam esconder.

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