Doses maiores

4 de outubro de 2012

Economista comprova Marx, depois de criticá-lo

“A crise é permanente, mutante e contagiosa”, diz o título de artigo de Tony Volpon, publicado no Valor, em 21/09. O economista critica a teoria marxista, mas o título poderia resumir o que Marx dizia sobre crises capitalistas.

Um dos trechos diz:

A ascensão econômica chinesa é certamente uma das mais importantes causas do esvaziamento e declínio da indústria dos países desenvolvidos, da decadência da classe média, do crescimento da desigualdade de renda, bem como da falta de sustentabilidade de seus generosos sistemas de previdência social. Cada um desses fenômenos é decorrente do outro, um resultado do rearranjo da economia global, em que o capital se alinha onde há mais ganho, sem limitações geográficas.

Na verdade, os “sistemas de previdência social” surgiram das lutas dos trabalhadores europeus. E o “esvaziamento e declínio da indústria dos países desenvolvidos” foram provocados exatamente para esvaziar o poder dessas lutas. Sem empregos, menos trabalhadores. Menor o poder de pressão dos explorados, menos greves e conquistas.

O problema é que menos produção implica menos consumo. Para manter os mercados aquecidos, o crédito foi facilitado. Muita gente comprando e pouca gente produzindo levou a uma combinação insustentável também conhecida como “bolha de consumo”. Quando uma destas estoura, o consumo desaba.

Foi isso que aconteceu em 2008, deixando a fábrica chinesa sem compradores. Enquanto isso, os chamados “emergentes” tornaram-se dependentes das compras chinesas. Com a diminuição destas, a crise também começa a atingi-los. 

Tudo isso é produto do que os marxistas chamam de “desenvolvimento desigual e combinado”.  Algo que torna a crise “permanente, mutante e contagiosa”.  Isso é capitalismo. E é Marx, também.

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