“...desde a crise financeira que abalou o mundo em 2008, as idéias liberais que fizeram a fama de Davos têm se tornado cada vez menos relevantes nos debates – e, no encontro deste ano, na semana passada, não foi diferente. Em muitas sessões, um observador desavisado teria a impressão de ter entrado no Fórum Social (que acontecerá em fevereiro, em Dacar, no Senegal), e não no templo da livre-iniciativa global”.A matéria relata debates sobre questões como inclusão social, aquecimento global, preservação ambiental e até uma palestra sobre o “teatro do oprimido”, de Augusto Boal.
Aproximar o Fórum Econômico do Fórum Social Mundial seria uma ofensa para a grande maioria dos participantes deste último. Em Davos, estavam aqueles que vivem da carnificina social que o sistema a que servem provoca no mundo todo.
Mas, não deixa de ser interessante ver como essa elite porca digere certas propostas para vomitá-las a seu jeito. São temas que se prestam a adaptações liberais capitalistas. É a ecologia de negócios, a inclusão social via consumo desigual, a arte libertadora castrada e vendida como mercadoria.
Talvez, o Fórum Social Mundial devesse começar a debater propostas que Davos jamais engoliria. Por exemplo, a socialização dos meios de produção. O tema só aparece timidamente quando se discute cooperativismo. Mas, tem ficado restrito às franjas do capitalismo.
Falar em cooperativismo em agricultura orgânica ou artesanato, tudo bem. Que tal pensar na indústria de transformação ou no setor financeiro? Numa economia solidária que implicaria o fim da propriedade privada dos meios de produção? Na produção planejada coletiva e democraticamente por toda a comunidade mundial?
Parece inviável? Não mais do que o capitalismo vem tornando a vida para a maioria dos povos do planeta.
Seria um debate polêmico e complexo. Tornou-se inevitável. Um outro mundo só será possível se o tornarmos impossível para os capitalistas.
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