As revoluções na Tunísia e no Egito aconteceram em situação de grande desigualdade social, desemprego alto, elevado custo de vida. Não parece ser o caso da Líbia. O país tem mais alto Índice de Desenvolvimento Humano da África. A produção de petróleo permite uma renda anual por pessoa de US$ 12 mil. Maior que a do Brasil, Argentina e Turquia. O desemprego é relativamente baixo e o Estado oferece bons programas de assistência a aposentados e deficientes.
Então, por que a revolta surgiu tão rápida e radicalmente? Artigo de Antonio Luiz M. C. Costa, na CartaCapital de 22/02, aponta uma possível resposta. A insatisfação estaria relacionada “às 30 tribos, às quais pertencem 85% dos líbios nativos”. Segundo Costa, através desses laços tribais os líbios teriam acesso a direitos, como emprego e assistência à saúde.
O poder de Kadafi estaria baseado na manutenção dessa divisão secular da sociedade líbia. Mas, a excessiva centralização política teria durado tempo demais. Romperam-se os laços de lealdade que poderiam ter aplacado a fúria popular. As lideranças tribais estariam apostando na queda de Kadafi para recuperar o poder perdido.
Segundo essa hipótese, a mobilização teria muito pouco a ver com facebook e twiter. As redes de poder local teriam tido papel importante na revolução líbia. Resta saber se a aposta dos líderes tribais não pode voltar-se contra eles.
A Líbia está no meio do caldeirão que ferve no norte da África e no Oriente Médio. Não é impossível que o atual tremor de terra torne-se um terremoto na região. Golpeie o imperialismo, seus aliados e ditadores em geral. Inclusive, os tribais. Oxalá!
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