Artigo do jornalista Sergio Leo ajuda a entender melhor o que está em jogo. “Por que ajudar os vizinhos” foi publicado no Valor de 30/05/2011. Alguns trechos merecem destaque. Referindo-se ao comércio externo brasileiro, a matéria afirma que:
...a América do Sul tem gerado saldos comerciais ao Brasil superiores a US$ 10 bilhões desde 2005. Entre 80% a 84% do que o continente compra do Brasil são mercadorias manufaturadas, de maior valor agregado, produtos para os quais é um mercado maior que o dos países desenvolvidos, segundo as estatísticas oficiais.Ou seja, uma relação francamente favorável ao capital com sede no Brasil. Muito diferente de nossas transações com os parceiros comerciais mais fortes, como Estados Unidos, Europa e China.
Depois de lembrar que ”a expansão das empresas brasileiras encontra na América do Sul seu trampolim ideal”, o jornalista diz que o Paraguai:
...viu os investimentos do Brasil em negócios locais aumentarem de pouco mais de US$ 80 milhões em 2005 para mais de US$ 140 milhões em 2006, segundo o Banco Central, e ultrapassarem US$ 400 milhões em 2009, segundo estimativas locais.E completa com informações reveladoras:
A cifra tende a subir com a construção de uma linha de transmissão que regularizará o fornecimento de energia à capital Assunção. O aumento dos investimentos, que se dirigem em grande quantidade para a agropecuária, metalurgia e confecções, mas também crescem em ramos como hotelaria, calçados, cimento e frigoríficos, faz com que o desempenho econômico do país cada vez mais tenha reflexos sobre o setor privado brasileiro. Previsões como a de que o Paraguai será o quarto exportador mundial de carne até 2014, são notícia de ganhos para empresários do Brasil.Ainda mais esclarecedora é a seguinte afirmação:
É comum, para desqualificar programas de ajuda brasileiros aos vizinhos, lembrar que há regiões pobres no Brasil necessitando também de ajuda. Argumento capenga, que só prospera entre os que ignoram que os laços econômicos e de ajuda internacional são instrumento poderoso de influência e pressão sobre governos estrangeiros. O apoio a economias mais frágeis também traz benefícios ao doador, como bem percebe a Alemanha, maior contribuinte dos fundos de auxílio e coesão da União Europeia e principal beneficiário da dinâmica econômica criada no bloco.Neste caso, seríamos uma espécie de Alemanha do Cone Sul. É o imperialismo jr. em ação novamente.
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