Doses maiores

23 de março de 2012

A França racista de Sarkozy

O suspeito dos atentados de Toulouse, na França, morreu ontem durante operação policial. Após 32 horas de cerco, Mohamed Mehra teria levado um tiro na cabeça. Ele era o suposto assassino de um homem e três crianças judeus. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a ação policial: “já tivemos mortos demais”, disse a jornalistas.

Nada justifica os atos covardes que teriam sido praticados por Mehra. Mas sua intolerância encontra equivalente nas atitudes do governo francês. Para Sarkozy não há apenas mortos em excesso. Ele tem repetido que “há estrangeiros demais na França”.

Em agosto de 2010, Sarkozy ordenou a expulsão de ciganos do país depois de destruir seus acampamentos. Em abril de 2011, entrou em vigor a proibição do uso do véu islâmico em locais públicos. Em outubro passado, o presidente francês declarou:
Em nossas democracias, nos preocupávamos com a identidade de quem estava chegando e não suficientemente com a do país. Se alguém vem à França, tem de aceitar participação em uma só comunidade.
Difícil é determinar o que seja essa tal identidade francesa. O próprio Sarkozy é filho de pai húngaro e sua mãe é descendente de gregos. Talvez, a definição do presidente francês se explique pela mulher com quem escolheu casar, a italiana Carla Bruni.

Ou seja, para ser francês é preciso ser branco, se encaixar nos padrões de beleza reinantes e ter escolhido a religião e a “civilização” certas.

O fato é que existe a França que se orgulha de ser berço da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. E existe a França que colaborou com Hitler, através da “República de Vichy”, e entregou centenas de judeus aos nazistas.

Sarkozy fez sua escolha.

Leia também: Abaixo o véu do preconceito contra muçulmanos

7 comentários:

  1. O pior que em plena crise econômica, setores têm achado maravilhoso o discurso e as ações do Sarkozy o que tem lhe rendido alguns pontos nas pesquisas de intenção de voto.

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  2. Sim, mas é assim que a democracia controlada pelo mercado funciona. Especialmente, em tempos de crise.

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  3. Acredito que não se pode ter dois pesos e duas medidas, se uma democracia deve proibir o uso de símbolos religiosos para garantir o Estado laico, isso quer dizer que não se pode proibir algo de uma religião e deixar passar algo de outra.

    Se a França proibe o uso de símbolos cristãos em suas instituições por que não proibir o véu muçulmano? Os muçulmanos tem que entender que não estão na Turquia e nem no Oriente Médio, países que estão a anos luz de Direitos Fundamentais do Homem. Marx, em "A questão judaica", critica um hábito terrível dos judeus na Alemanha de querer criar um "Estado dentro do Estado", inclusive ele próprio chega ao ponto de alegar que os judeus deveriam se converter ao cristianismo como forma de se chegar mais rápido ao ateísmo, pois enquanto judeus eles seriam apenas "meio-cidadãos", ao passo que no cristianismo eles poderiam progredir. O marxismo jamais defendeu "multiculturalismo".

    É desejável que a imigração na Europa seja atenuada, todavia não é impondo barreiras à entrada do imigrante(em sua maioria muçulmanos), mas sim combatendo a sua verdadeira causa, que são os incontáveis atos de interferência da OTAN em outros países, inclusive de forma militar.

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  4. Obrigado pelo comentário. Mas não preciso dizer que discordo dele. Criar um Estado dentro de um Estado é uma coisa. Usar indumentárias tradicionais é outra bem diferente.
    Abraço!

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  5. Usar indumentárias tradicionais para um muçulmanos é bem mais que usar uma mera "peça de roupa". Os muçulmanos que vão para países europeus em grande parte dos casos vão achando que foram para outro país muçulmano, em muitos casos eles chegam a aplicar as próprias leis em países como França ou Alemanha. De acordo com estatísticas, por exemplo, a maior parte dos casos de estupro na Suécia são cometidos por muçulmanos, isso por que como as mulheres desse país tem uma tradição libertária, homens que há anos convivem com mulheres vestidas dos pés à cabeça tendem a ver em qualquer roupa curta uma "prostituta". Conheço mulheres européias com uma visão altamente tolerante que já estiveram em países como Turquia e Egito e que dizem que lá uma mulher solteira não fica sem sofrer abusos. Na Alemanha muitos imigrantes turcos nem mesmo falam alemão, nem querem aprender, mas querem cobrar os mesmos direitos dos alemães, é uma situação análoga a dos judeus na Alemanha no século XIX, que Marx criticou em seus Manuscritos econômico-filosóficos.

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  6. Enfim, meu caro. Você é a favor da medida de Sarkozy,certo? Tudo bem.

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