Lugo foi eleito em 2008, com apoio da esquerda paraguaia e
dos movimentos sociais. Desde então, vem enfrentando inúmeros ataques por parte
da direita. O maior problema é que o Congresso domina a política paraguaia. E a
direita domina o Congresso. É a 24ª tentativa de tirá-lo da presidência.
O atual pretexto para o golpe foi um confronto entre
sem-terras e polícia que terminou com 15 mortos. Tal como em muitos de seus
vizinhos, a concentração fundiária é uma das raízes dos problemas sociais do país.
Em 2008, 2% dos proprietários possuíam 78% das terras. A maioria deles formada
por grandes criadores de gado e plantadores de soja. Entre os quais, muitos
brasileiros.
Ao mesmo tempo, o Paraguai é considerado um paraíso neoliberal.
É o que diz César Felício na reportagem “Paraguai, paraíso do Estado mínimo”,
publicada no Valor de hoje. O texto diz, por exemplo, que a carga tributária é
a mais baixa da América do Sul. Mas 69% dos paraguaios não têm qualquer
mecanismo de proteção social, incluindo previdência social.
Fernando Lugo jamais colocou toda essa situação em risco.
Nunca tentou colocar em prática medidas realmente radicais. Mesmo assim, é alvo
da direita. É mais um exemplo de que na política institucional já não há espaço
nem para mudanças superficiais.
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