Foram
necessários quase 500 anos para que se reconhecesse o direito deles a viver em
seus territórios. Está na Constituição atual. Mas jamais saiu do papel. O
recente caso dos Guarani-Kaiowá é mais uma prova disso.
Na
tradição indígena os pactos e acordos baseiam-se na palavra empenhada. O “homem
branco” só confia no que está escrito. Mas não se envergonha de ignorar suas próprias
leis.
Tamanha
frouxidão moral faz lembrar o cacique Mario Juruna, primeiro índio brasileiro a
se tornar deputado federal. A liderança xavante costumava carregar um gravador
para onde ia. Usava o aparelho para registrar as promessas que as
autoridades brancas faziam e nunca honravam.
Mesmo
isolado no parlamento, Juruna conseguiu criar a Comissão do Índio do Congresso e
a presidiu pela primeira vez. Também defendeu a nomeação de representantes das
comunidades indígenas para dirigir órgãos como a Funai.
Mas
quase todos nós, brancos de várias cores, de esquerda e de direita, só sabíamos
rir do cacique e seu gravador. Juruna morreu esquecido e doente, em 2002. Mas o
preconceito de que foi vítima continua vivo. Nunca mais um indígena foi eleito
deputado federal.
Alguns
de nós, a duras penas, aprendemos a respeitar os indígenas. Muitos outros continuam
a zombar deles. Humilham suas lideranças, desprezam suas tradições, são
cúmplices de suas mortes, roubam suas terras.
Cinco
séculos de dominação branca acumulam vergonhas demais para serem escondidas.
Leia
também:
Nós, os suicidas desavisados
Índio
demais, atrapalha. De menos, não tem direitos
Nós, os suicidas desavisados
Certeiro como flecha!
ResponderExcluirValeu!
ResponderExcluir