Com
uma exceção, todos os personagens brancos são racistas da pior espécie. Quando
Django massacra cada um, só nos resta vibrar de alegria. Inclusive, quando
entre os mortos está um velho negro nojentamente puxa-saco.
O
grande problema é exatamente a exceção branca. Trata-se do alemão Schultz,
responsável por dar a Django a chance de executar sua vingança por anos de
cruel cativeiro. Daí, a justa indignação de muitos críticos. O benfeitor do
filme é um europeu. E ainda por cima, alemão!
Mas
Tarantino deixa alguns recados. Schultz é caçador de recompensas. Diz que só se
diferencia dos mercadores de negros porque negocia corpos mortos. Dá a entender
que é tão movido pelo dinheiro como os escravocratas.
O
personagem interpretado por Leonardo Di Caprio é um racista mimado e cruel.
Adora a sofisticação francesa. É fã dos Três Mosqueteiros, mas permite que seus
cães comam vivo um escravo rebelde. Quando Schultz lhe explica que Alexandre
Dumas era negro, fica com cara de Homer Simpson.
O
final do filme costuma arrancar aplausos da plateia. Mas entre os que aplaudem podem
estar muitos que só desprezam um racismo explícito demais. Preferem sutilezas
discriminatórias mais eficientes, com resultados igualmente cruéis. É o caso de
nosso racismo. É mais discreto, mas mata jovens negros aos montes.
O
fato é que o racismo não será derrotado com tiros e explosões. Nem as
revoluções mais radicais conseguiram isso. E esta é uma das razões de terem
sido derrotadas.
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