No início de abril, o
Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos revelou detalhes sobre mais
de 120 mil empresas anônimas com sedes em paraísos fiscais. Por trás delas,
gente como um ex-primeiro-ministro da Geórgia, o tesoureiro da campanha
eleitoral do presidente da França e a filha de um ex-ditador das Filipinas.
Em 03/06, o Valor publicou um
artigo sobre o levantamento. Em “Segredos e mentiras financeiras” Gavin Hayman
destacou um detalhe que recebeu pouca atenção: lavagem de dinheiro e
operações financeiras ilegais não ocorrem apenas em paraísos fiscais. Ao
contrário, Estados Unidos, Reino Unido e outros centros financeiros importantes
estão no centro dessas ilegalidades.
Na verdade, a maioria das
empresas citadas pelo Consórcio estava registrada nos Estados Unidos. Para
citar apenas um caso, em 2012, foi revelado que o HSBC permitiu que os cartéis
de drogas mexicanos lavassem centenas de milhões de dólares por meio do sistema
financeiro estadunidense.
Em 29/05, Gil Alessi publicou
a reportagem “Contra o tráfico, investigar bancos é mais importante do que
aumentar penas, dizem especialistas”. A matéria tratava das propostas de
endurecimento das leis contra o tráfico de drogas que estão no Congresso
Nacional.
Especialistas duvidam da
eficácia de medidas desse tipo. Afinal, dados da ONU falam em mais de 400 bilhões
de dólares anuais movimentados pelo narcotráfico. Todo esse dinheiro só pode
circular por um caminho: o sistema financeiro.
Em abril, David Nutt, ex-assessor
especial contra drogas do governo britânico, afirmou que a crise financeira foi
causada por banqueiros que usavam muita cocaína. Ele quase acertou. O que realmente
enlouquece o planeta é o capital que a ilegalidade das drogas gera.
Leia também: Delegado
de polícia defende legalização das drogas
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