A reitoria da USP está sendo
ocupada por seus alunos e funcionários. Entre as reivindicações, a eleição
direta para reitor. Em 12/10, a Folha de S. Paulo publicou artigo de Marcos
Fernandes G. da Silva sobre a questão. O título não deixa dúvidas:
“Universidade não é nem deve ser democrática”.
Para o doutor em Economia da
USP, a democracia deve ficar longe da administração e da gestão acadêmica. “A
USP é como uma empresa e funcionário trabalha para os alunos e professores
produzirem conhecimento e ensino”, diz Silva.
Pelo menos, o doutor não esconde
seu desapego pela democracia. Mas sua concepção de universidade também tem
pouco a ver com pedagogia. A palavra vem do grego “paidagogós”, produto da
combinação entre “paidós” (da criança) com “agogós” (condutor). “Pedagogo”
seria aquele que acompanhava a criança até o local de estudos, ocupação
reservada aos escravos.
Mais tarde, “pedagogia” passou
a significar “ciência da educação”, e deixou de se limitar à formação da
infância. Com os atenienses, aproximou-se do conceito de “paideia”, cuja
tradução em nossos dias seria “processo civilizatório”. Seria a busca de um povo
pelo que consideraria ser o melhor em termos de cultura ou civilização.
Desde os gregos antigos,
melhoramos. Já não admitimos a escravidão legal, por exemplo. Progrediríamos ainda
mais se considerássemos a pedagogia como tarefa de todos os envolvidos nas
atividades educativas. Não apenas de alguns doutores trepados em suas cátedras.
Nosso processo civilizatório também
ganharia muito se a prática educativa deixasse de ter como modelo relações sociais
humilhantes. No caso, as que resultam da exploração do trabalho humano que a
atividade empresarial necessariamente implica.
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