Em março de 2011, um imenso
tsunami atingiu a usina nuclear de Fukushima, no Japão. O desastre causou um vazamento radioativo que
levou à evacuação de 150 mil pessoas da região.
Na época um tema comum das
conversas cotidianas foi a reação do povo japonês à catástrofe. As notícias que
chegavam diziam que mesmo em meio ao caos causado pelo acidente, não havia
noticias de saques, roubos, tumultos. Um “povo ordeiro, disciplinado,
instruído”, diziam muitos.
Passados mais de dois anos, o que ficamos sabendo sobre Fukushima não é tão animador. É o que mostra
reportagem publicada em 11/11 pelo Valor. Em “Yakuza participa da limpeza de
Fukushima”, Antoni Slodkowski e Mari Saito revelam fatos assustadores. A Yakuza
que aparece no título é uma organização mafiosa. Mas seus membros não são os
únicos a cometer crimes.
Segundo a matéria:
A indústria nuclear do Japão
recorre a mão de obra barata desde que suas primeiras usinas foram inauguradas
nos anos 70. Por anos, a indústria valeu-se de trabalhadores itinerantes,
conhecidos como "ciganos nucleares", de Sanya, na vizinhança de
Tóquio, e de Kamagasaki, em Osaka, áreas conhecidas pelo grande número de
homens sem-teto.
O desastre de Fukushima só
piorou a situação. A matéria mostra que os trabalhos de descontaminação são
feitos por uma ampla rede de empresas subcontratadas. Algumas delas ligadas ao
crime organizado. Muitas utilizando trabalhadores mal pagos que são expostos ao
veneno radiativo.
A solidariedade e a
disciplina podem até ser características do povo japonês. Mas não são
suficientes para evitar a universal capacidade do Capital para fazer dinheiro
com a desgraça humana. Pior que qualquer radiação.
Leia também: Errar é sempre humano
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