Mauro Zanatta publicou a reportagem
“Presidente teme efeito ‘devastador’ à imagem do País”, no Estadão de 27/01. Um
trecho diz:
Uma "aliança", ainda
que não combinada, entre índios, trabalhadores sem terra, movimentos de sem
teto e facções no controle de presídios às vésperas da Copa da Fifa de Futebol
tem mantido o governo sob permanente tensão e obrigado ministros a uma intensa
troca de informações de bastidores sobre esses "termômetros" sociais.
O texto também cita os
rolezinhos e a volta dos black-blocs. O jornalista tem razão. Não há nenhuma
conspiração golpista nisso tudo. Se alguém criou essa mistura explosiva foi o
próprio governo.
Os direitos dos indígenas
estão sendo atropelados por empreiteiros, mineradoras e agronegócio. Setores com
que o governo construiu sua base de apoio no Congresso e fora dele.
As obras para a Copa não
acarretaram apenas uma montanha de dinheiro desperdiçado e roubado. Também
produziram milhares de sem-tetos.
Por dez anos, o governo
federal assistiu imóvel ao encarceramento em massa que transformou os presídios
superlotados em matadouros explosivos.
O lulismo apostou no consumo
como ascensão social e ajudou a tornar os shoppings fortalezas a serem
conquistadas pela juventude pobre.
A estupidez violenta das PMs estaduais
não é apenas tolerada. O governo federal resolveu legalizá-la e reforçá-la com
suas próprias tropas.
O caos urbano é produto
direto da aposta no financiamento público da indústria automobilística e do
correspondente abandono dos transportes públicos.
A polícia procura molotovs nas
mochilas e bolsas dos manifestantes. Mas as verdadeiras bombas estão sendo
fabricadas nos palácios do poder. Os fósforos estão nas mãos dos governantes. Acesos.
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