Pesquisa do Datafolha indicaria
que 82% dos paulistanos são contra os rolezinhos. Além disso, 80% concordam com
proibições decretadas pela Justiça e 73% com as ações da PM. As atitudes que
mais incomodam os frequentadores de shoppings seriam correrias (70%) e
gritarias (54%). E para 72% não há preconceito racial na reação dos lojistas.
Todos esses números podem
embutir preconceitos e convicções não explicitados nas respostas. É o caso das “correrias”
e “gritarias”. Em que medida a repulsa a elas está condicionada ao status e à cor
de quem corre e de quem grita? Ou em que proporção sua ocorrência pode ter sido
exagerada pela grande mídia?
Mas também deveriam merecer
destaque alguns levantamentos do Instituto Data Popular. São de 2011 e 2012,
mas ajudam a explicar o preconceito contra os rolezinhos. Eis alguns dados levantados
junto às classes “média” e “alta”:
- 55% acham que deveria ser
obrigatória a fabricação de produtos em versões para ricos e para pobres.
- Segundo 16%, pessoas mal
vestidas deveriam ser barradas em certos lugares.
- Para 26% o metrô aumenta a
frequência de “pessoas indesejadas” em seus bairros.
- 17% são favoráveis a elevadores
separados em todos os estabelecimentos.
Mas esses números se referem
apenas aos que explicitam seu preconceito social. Além disso, esse tipo de
discriminação geralmente serve para esconder um racismo que seria “deselegante”
declarar. O mesmo fenômeno explicaria por que a maioria não enxerga discriminação
racial na repressão aos rolezinhos, como teria constatado o Datafolha.
Quando a intolerância que já cercava
a luta por direitos básicos chega ao direito de consumir podemos esperar pelo
pior.
Leia também: O
samba ontem, o funk hoje
Excelente! (e deprimente, devo dizer).
ResponderExcluirEssa de produtos para pobres e ricos me deixa perplexa! Não tinha visto ainda.
Eu já venho discutindo a incoerência de uma "grande marca esportiva" alegar que "não gosta" de ser associada à imagem do rapaz da periferia. Engraçado.... são esses rapazes que, infelizmente, raspam suas economias para comprar um tênis de mil reais. São eles que ajudam a manter a grande "máquina" funcionando, não os jovens brancos da elite, que são, numericamente, insignificantes.
É incrível, o tempo passa e eu ainda fico espantada com as aberrações / deformações do mundo do capital.
Ainda bem que você fica espantada, Tatiana. Tem gente que não chega a isso.
ExcluirValeu o comentário.
Abraço