O livro “Marx Selvagem” é
leitura obrigatória. A obra Jean Tible mostra como Marx e Engels buscaram se
afastar da visão eurocêntrica que marcou muitos momentos de sua elaboração
teórica. Principalmente, ao tomarem contato com experiências sociais como a Confederação
dos Iroqueses e a comuna rural russa.
Através da observação desse
tipo de sociedade, os fundadores do marxismo não apenas passaram a respeitar a
lógica social de povos não europeus. Também se tornaram ainda mais convictos de
que é preciso lutar pela abolição do Estado. Afinal, sociedades sem poder
político centralizado num aparelho de dominação se mostram não apenas viáveis,
como necessárias.
Além disso, o livro mostra
que as correções de rumo que os fundadores do marxismo buscaram fazer em sua
obra tinham como bússola as lutas populares. Era a serviço destas que estava
sua produção teórica. Nada que envolvesse a emancipação humana podia lhes ser
estranho.
No prefácio, Michael Lowy faz
um importante destaque: “As comunidades indígenas no Brasil e na América Latina
se encontram na primeira linha da luta em defesa da Natureza”.
A ironia é que Tible é um
respeitado militante do Partido dos Trabalhadores. E o governo petista foi
descrito por Dom Erwin, presidente do Conselho Indigenista Missionário, como
“anti-indígena, omisso e negligente”. Afirmação inegável diante das alianças
prioritárias que Lula e Dilma estabeleceram com o agronegócio, empreiteiras e
mineradoras.
Tible certamente não tem
responsabilidade direta em relação a essa lamentável situação. É outro exemplo
da esquizofrenia vivida pelo PT. Um partido que ainda conta com bons lutadores,
mas que foi domesticado pelos de cima para barbarizar os de baixo.
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