Latuff |
A liberdade sexual volta ao
centro dos debates nas eleições presidenciais. Mais especificamente, pela decisão
de Marina Silva de retirar de seu programa a defesa do casamento gay.
O recuo deveu-se a pressões de
lideranças cristãs que condenam o homoerotismo com base em passagens da Bíblia.
Uma das mais lembradas envolve Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus porque
seus moradores seriam adeptos do amor homossexual. Daí, o termo “sodomia”.
O trecho mais lembrado está em
Gênesis (19:5). Descreve o modo como homens que visitavam Ló foram tratados
pelos moradores de Sodoma. Eles teriam exigido: “Traze-os
a nós para que os conheçamos.”
A expressão “conhecer”, na Bíblia,
é muito utilizada como sinônimo de relação sexual. Há quem negue que o termo
tenha sido utilizado nesse sentido na passagem em questão. Mas mesmo que assim fosse,
ainda é possível enxergar a falta de hospitalidade como o grande pecado dos sodomitas.
Em Ezequiel (16:49), Sodoma é
condenada por nunca ter amparado “o pobre e o necessitado”, por exemplo. Já em Mateus (10:13/15),
Jesus teria advertido contra o pecado da falta de hospitalidade, dizendo:
... se alguém não vos
receber, nem der ouvidos às vossas palavras, assim que sairdes daquela casa ou
cidade, sacudi a poeira dos vossos pés. Com toda a certeza vos afirmo que
haverá mais tolerância para Sodoma e Gomorra, no dia do Juízo, do que para
aquelas pessoas.
Ou seja, há muitas maneiras
de interpretar textos tidos como sagrados. As escolhas dizem mais sobre os
intérpretes do que sobre o objeto interpretado. No caso de Marina e seus
aliados religiosos, melhor sacudi-los de nossos pés.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário