Em 19/09, completaram-se 93 anos do nascimento
de Paulo Freire. Não à toa, o grande pedagogo é mais lembrado por seu nome do
que por sua obra.
O educador pernambucano defendia a pedagogia como formação
de consciência política. Principalmente, entre os mais pobres. Não por acaso,
dedicou-se à alfabetização de adultos, cuja ignorância da cultura letrada é
aproveitada pelas elites para aumentar sua exploração e opressão.
Mas Freire deveria ser mais estudado pela forças de
esquerda que se reivindicam revolucionárias. Para ele, a educação a serviço da
revolução não é compatível com a relação que opõe pessoas desprovidas de saberes
próprios a quem domina o conhecimento de forma absoluta. Como disse Freire: “...
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção”.
Não basta às práticas educativas que se pretendam
revolucionárias apenas afirmarem a defesa da revolução. É preciso tornar
consequente, do ponto de vista pedagógico, a terceira tese marxiana sobre
Feuerbach. Ela afirma a necessidade de “o educador também ser ele próprio educado”.
Do contrário, acabamos por “separar a sociedade em duas partes, uma das quais
fica elevada acima da sociedade”. Ou seja, relações autoritárias se estabelecem
mesmo entre os que dizem combatê-las.
No mesmo sentido, é importante lembrar a afirmação
gramsciana segundo a qual todos os seres humanos são intelectuais. E devem ser respeitados como tal.
Por defender tais princípios, Paulo Freire foi
encarcerado pela ditadura militar. Apesar disso, recebeu de universidades como Harvard,
Cambridge e Oxford 41 títulos de Doutor Honoris Causa.
Certamente, nenhum deles tão honroso como o de educador dos humilhados e
ofendidos.
Leia também: Na pedagogia da revolução, revolucionário é
aprendiz
Nenhum comentário:
Postar um comentário