Em meio à onda de ódio aos
nordestinos que vem infectando a internete, ressurgem manifestações separatistas.
Muitas delas defendem a superioridade de São Paulo em relação ao que seriam a regiões atrasadas e pobres do País.
Em seu livro “A ralé
brasileira”, Jessé Souza mostra que essa estupidez é mais antiga do que parece.
Segundo o autor, tudo começou com o mito do patrimonialismo. Para ele, este conceito
sociológico criado por Sérgio Buarque e aperfeiçoado por Raimundo Faoro mostrou-se
bastante conveniente para nosso sistema de dominação.
Muito resumidamente, o
patrimonialismo considera o Estado a fonte de todo o mal. Responsável pela apropriação
dos bens públicos por uma elite egoísta e irresponsável. Já a sociedade, seria o
lugar onde homens e mulheres lutariam por sua sobrevivência honesta e
dignamente. Por “sociedade” entenda-se mercado, diz o autor.
Mas esta fórmula omite o
quanto o Estado serve fiel e prioritariamente a uma parte importante e poderosa da sociedade:
o grande capital.
Ao mito do patrimonialismo nacional
corresponderia o “mito de São Paulo”. Segundo esta fantasia, na maior parte do
país prevalecem relações de favor, dependência do Estado, “jeitinho brasileiro”
e displicência produtiva. Em São Paulo, porém, reinaria a competição justa e longe
dos favores estatais, a eficácia e a disciplina fabril.
Pena que nada disso combine
com figuras como Paulo Maluf ou com a histórica concentração de investimentos estatais
no parque industrial paulista.
Não à toa, a “pujança paulista”
é simbolizada pelos bandeirantes. Estes assassinos de índios e negros foram assim
descritos por um governador
de Pernambuco no século 17: “Gente bárbara, indômita e que vive do que rouba”.
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