Doses maiores

6 de março de 2015

A revolta da lua que menstrua

“Relações de Sangue: a menstruação e as origens da cultura” é o título do livro que o antropólogo marxista Chris Knight lançou em 1991.

Basicamente, a obra argumenta que a raça humana surgiu graças a uma revolta de antigas fêmeas da espécie hominídea. Em algum momento, elas resolveram que não fariam mais sexo com seus parceiros, caso eles não se comprometessem a ajudar no sustento de suas crias.

Para manter a unidade dessa espécie de greve de sexo, elas teriam sincronizado seus períodos menstruais. Algo que acontece frequentemente entre as mulheres. Como a fêmea humana não apresenta sinais exteriores de seus períodos férteis, passaram a administrar sua vida sexual à revelia dos machos.

Com isso, subverteram as leis naturais da reprodução sexual. Os comportamentos comunitários teriam começado a ser regulados com base na união e solidariedade da autoridade feminina. Nascia a cultura e com ela a humanidade.

Mas chegaria a hora em que a soberania feminina cairia por terra. Este momento faria parte das transformações que levaram ao surgimento da sociedade de classes, com todas as mazelas que trouxe para a história humana desde então.

A tese é polêmica não apenas por razões puramente teóricas. Sua mera existência basta para fazer os machistas, incluindo muitos cientistas, espumarem de raiva.

Correta ou não, a hipótese de Knight encontra apoio na poesia de algumas mulheres tão geniais como sensíveis.

É o caso de Elisa Lucinda, que começa seu poema “Aviso da Lua que menstrua” recomendando: “Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...”. É verdade. Elas ainda podem voltar a nos salvar de nós mesmos.

Leia o poema,
aqui


Leia também:
Não há revolução sem a rebeldia feminina

Um comentário: