Às vésperas do Dia das Mães, Bruno Rizzato publicou no “Jornal Ciência” artigo
sobre a criadora da data tão festejada. Trata-se de Anna Jarvis, que criou a comemoração
em 1914 para se arrepender logo depois.
A intenção de Anna era honrar a memória de sua mãe, que atuou como enfermeira durante
a Guerra Civil estadunidense e cuidou de feridos em ambos os lados do conflito,
estabelecendo laços de amizade entre mães nortistas e sulistas.
Diante da enorme exploração comercial que tomou conta da data, Anna passou a
fazer uma campanha por sua abolição. Mas morreu em 1948 pobre, doente e
frustrada.
O pior da maternidade, porém, não se limita ao aspecto consumista que cerca sua
celebração. Desde, pelo menos, Simone de Beauvoir, sabemos que ser mãe pode
tornar-se uma imposição opressora. Mulheres devem parir, amamentar, cuidar,
educar. Abandonadas pelo machismo e, obrigatoriamente, felizes.
Felizmente, em 1960, surgiu a pílula anticoncepcional para aliviar esta carga. Mas
também vem servindo para programar o melhor momento da gestação. Destino que todo
"verdadeiro ser do sexo feminino" deve cumprir sob pena de jamais se realizar
plenamente.
Mais recentemente, surgiu o ramo lucrativo das clínicas de fertilização assistida.
Tratamentos caros e cada vez mais empenhados em prometer aos futuros pais crianças
de genética perfeita.
A grande maioria das mulheres não pode ter acesso a procedimentos tão
sofisticados. Principalmente às pobres e pretas, restam as gravidezes
indesejadas, os partos em condições humilhantes, a criminalização do aborto.
Não à toa, Deus expulsou Adão e Eva do Éden, destinando a ela um castigo
adicional: o parto com dores. Padecer, sempre. No Paraíso, quase nunca.
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