Em 01/08, a Revista Fórum publicou a matéria “São Paulo, muito mais que ‘cidade
reacionária’” sobre a pesquisa “Conservadorismo e Progressismo na Cidade de São
Paulo”, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a ser lançada
em agosto.
O levantamento revelaria uma “metrópole complexa: libertária diante de
casamento gay, legalização da maconha ou famílias heterodoxas”. Conservadora em
relação a temas como as cotas e maioridade penal.
Os resultados verificados mostrariam que a maior cidade do País não tem vocação
conservadora tanto quanto não tende para a rebeldia. Mas, talvez, a pesquisa só
confirme aquilo que, graças a Gramsci, já sabíamos em relação a qualquer arranjo
social complexo da contemporaneidade.
O revolucionário italiano costumava definir o “senso comum” como “uma concepção
fragmentária, incoerente, inconsequente, conforme a situação social e cultural
da multidão". Estes elementos formariam um “bom senso” que naturaliza as
relações sociais vigentes e desencorajam sua mudança.
No entanto, fazem parte dessa maçaroca ideológica elementos que podem ser
utilizados na luta contra a própria ordem social injusta em que vivemos. Na
verdade, somente sua existência possibilita mostrar a incoerência da ideologia
dominante e a falsidade da visão de mundo que ela defende.
Ser, ao mesmo tempo, favorável ao casamento gay e à redução da maioridade
penal, por exemplo, somente é possível quando o horizonte geral que predomina é
conservador. Arrancar do domínio desse horizonte os elementos progressistas e
articulá-los a uma concepção emancipadora é tarefa dos revolucionários.
A isto Gramsci chamou disputa de hegemonia. E seu ponto de partida é a recusa em
aceitar qualquer sociedade como sendo essencialmente conservadora ou inevitavelmente
contestadora.
Leia também: A esquerda que só fala para si mesma
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