Em 05/01,
João Pedro Caleiro descreveu a desigualdade de renda entre os britânicos no
portal “Exame.com”:
Até o final da primeira terça-feira de 2016, os maiores
executivos do Reino Unido terão ganhado mais dinheiro do que o trabalhador
britânico típico em um ano inteiro.
Esta
situação, certamente, ajuda a esclarecer o que está por trás da saída do Reino
Unido da União Europeia (UE), decidida em referendo popular.
É
verdade que racismo, conservadorismo e xenofobia contribuíram para a decisão.
Mas foram os efeitos de uma crise econômica que poupa apenas uma pequena
minoria que os turbinou. Principalmente, porque muitos enxergam no
autoritarismo econômico da cúpula europeia as raízes de tanta injustiça social.
A
vitória do chamado Brexit (Bretanha + exit) assusta a esquerda, claro. Mas aos
neoliberais também. E o que os preocupa não é o avanço da extrema-direita. São as
brechas que a decisão abriu na armadura econômica neoliberal.
O
ultraliberal David Cameron só convocou o referendo para se manter na liderança
de seu partido. Ou seja, o problema surgiu na esfera política. Um domínio que
os neoliberais só respeitam desde que sua vontade nunca seja desrespeitada.
A
cúpula da UE deu uma banana para o referendo em que o povo grego se rebelou
contra suas exigências de austeridade econômica. Não fará o mesmo com a
consulta popular britânica. Essas contradições podem contribuir para abalar os
automatismos econômicos neoliberais.
Aquela
primeira terça-feira do ano é conhecida na Inglaterra como o Dia do Gato Gordo.
Uma referência popular aos muito ricos. O bichano continua obeso. Mas,
certamente, está assustado com a inquietação entre os gatos magros.
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