Olimpíadas encerradas, um viajante veio do futuro nos revelar
que “legado”, afinal, nos foi deixado:
...grandes projetos de reabilitação
urbana, particularmente aqueles no centro da cidade e ao longo dos distritos à
beira-mar, foram altamente especulativos e destrutivos de muitas maneiras.
A construção da Vila Olímpica e outras instalações:
...provocou a destruição da estrutura
social e dos laços que existiam nas áreas antes das intervenções e do
desalojamento de pequenos negócios locais, devido às pressões da
competitividade econômica, e até a destruição do patrimônio arquitetônico. Além
disso, a criação de condomínios fechados e privados, especialmente na Vila
Olímpica, representou a privatização do espaço.
Além das dezenas de milhares de famílias despejadas de
suas casas:
... níveis de desemprego dispararam,
especialmente entre os jovens; esforços para arcar com contas de luz e água
tornaram-se uma realidade generalizada; e os riscos reais de exclusão social se
multiplicaram.
Mas o tal viajante do tempo não existe. Os trechos acima são
do artigo “De Barcelona 1992 ao Rio 2016: Uma história de duas cidades olímpicas”,
de Marta Ill-Raga, publicado pelo portal Rioonwatch, em 12/08.
Como o modelo adotado para organizar nossas olimpíadas foi
o de Barcelona, o texto somente usa a experiência espanhola para projetar um
cenário carioca muito provável.
Por outro lado, em 2015, o quadro social barcelonês, agravado
pelos Jogos, levou à eleição de Ada Colau, uma prefeita de esquerda, líder da
resistência popular aos despejos.
Seria essa a única previsão positiva? Dificilmente. É
cedo para avaliar a administração Colau. E vitórias eleitorais, por si mesmas, raramente
dão motivos para otimismo. Melhor apostar em muita luta e resistência.
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