É possível que alguns seres humanos tenham um gene que
favoreça um comportamento social tolerante e sem preconceitos. É o que revela a
reportagem “O gene da tolerância”, publicada no Globo por Viviane Nogueira, em
11/08.
A matéria relata o trabalho da equipe do pesquisador
brasileiro Alysson Muotri, da Faculdade de Medicina da Universidade da
Califórnia. Eles estudam a síndrome de Williams, que provoca alterações
genéticas que tornam seus portadores “excessivamente sociáveis e livres de
qualquer preconceito”.
Mas essa predisposição está longe de ser estranha a
nossa espécie. O próprio Muotri ressalta que diferente de outros primatas, como
o chimpanzé, o córtex cerebral dos humanos “evoluiu para aumentar o
processamento social em quase três vezes”. Algo essencial para nos tornar colaborativos
e capazes de criar “coisas muito superiores”, como “poesia, música e
tecnologia”, diz ele.
O pesquisador, porém, não resiste à atual tendência de
tentar condicionar nosso comportamento com remédios. Espera que ainda possamos superar nossos preconceitos “com fármacos e nos
tornar mais tolerantes uns com os outros”. A indústria de medicamentos
agradeceria, também.
Muotri acerta, porém, quando afirma que o preconceito
foi muito útil para nossa espécie. Dezenas de milhares de anos atrás, o
julgamento baseado apenas nas aparências era essencial para a sobrevivência. Ninguém
ficava em dúvida sobre o que pensar das intenções de um leão ao encontrá-lo no
meio do mato, por exemplo.
Mas, pensando bem, talvez haja indivíduos cujo
comportamento preconceituoso realmente exija tratamento com drogas pesadas. O
que não falta é gente achando que continuamos no tempo das cavernas.
Principalmente, em redações de jornais, igrejas, parlamentos, governos e redes
virtuais.
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Se medicamentos funcionarem é mais fácil que sejam usados para aumentar preconceito do que para diminuí-lo, afinal tanto o preconceito quanto a falta de escrúpulo de alguém para usar um medicamento assim, são características ligadas a gente com um mesmo tipo de pensamento .
ResponderExcluirVerdade!
ExcluirÉ muito mais lucrativo usar remédios do que fazer um tratamento de auto ajuda na sociedade.
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