Em seu
artigo “O mito da Aristocracia Operária”, Charles Post afirma que o reformismo
não seduz apenas uma parcela pequena, qualificada e bem paga dos trabalhadores.
Também atrai a simpatia de grande parte da classe.
Para
começar a entender, citemos as seguintes palavras do autor:
...a maioria dos trabalhadores, na maior parte do tempo,
está empenhada na luta para vender sua capacidade individual de trabalho e
garantir sua reprodução e a de suas famílias - e não na luta coletiva contra os
patrões e o Estado. Os trabalhadores "realmente existentes" só se
envolvem em lutas de massas como classe em situações extraordinárias,
revolucionárias ou pré-revolucionárias. Devido à posição estrutural do trabalho
assalariado sob o capitalismo, seu envolvimento em lutas radicais de
contestação acontece em momentos de curta duração. E, na maioria das vezes,
diferentes segmentos da classe trabalhadora desempenham um papel ativo na luta
contra o capital em momentos diferentes.
Mas,
segundo Post, na esteira das lutas vitoriosas, uma minoria de trabalhadores
continua ativa. Muitos assumem tarefas administrativas nas organizações que
surgem das lutas: sindicatos, partidos, associações...
Esta
parcela se afasta dos locais de trabalho e passa a viver de modo muito
diferente do restante dos trabalhadores. Torna-se uma camada burocrática que só
mantém suas vantagens se a dominação capitalista permanecer intacta. Sob sua
liderança, as lutas só podem avançar até certos limites. Reformar o
capitalismo? Talvez. Destruí-lo, jamais.
Mas se
tudo isso ajuda a entender porque o reformismo persiste entre os setores da
“vanguarda” dos trabalhadores, é insuficiente para explicar sua força no
restante da classe.
É o que
veremos na próxima pílula.
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