Em 31/12, Adriana Carranca citou em
sua coluna do Globo o livro “A quarta revolução: a corrida global para
reinventar o Estado”, de John Micklethwait e Adrian Wooldridge.
Segundo a colunista, a obra mostraria
“como a desilusão com os governos ocidentais se tornou endêmica e põe em risco
o modelo de Estado como conhecemos, com o centro da gravidade — e de poder —
mudando rapidamente”.
Neste cenário, Wooldridge enxergaria semelhanças
entre a situação “que levou ao colapso da ordem liberal em 1917 e hoje”. “Nada
mal para as celebrações dos cem anos da Revolução Russa e da chegada de Lênin
ao poder”, diz a colunista.
Mas segundo Adriana, Wooldridge destaca
uma importante diferença. Hoje, afirma ele, “os primeiros tiros estão sendo
disparados pela direita e não pela esquerda, pelos Brexiteers no Reino Unido e
Donald Trump nos EUA.”
Pode ser. É preciso lembrar, porém, que
nas primeiras décadas do século passado uma revolução socialista na Rússia
estava fora de qualquer radar da esquerda mundial.
Como acreditar que um levante
anticapitalista seria vitorioso num país dominado pela economia camponesa e preso
às trevas de uma ditadura monárquica? Somente os bolcheviques enxergaram no
desigual desenvolvimento econômico russo a oportunidade para tomar o poder.
Combinações históricas como essa são
muito raras. Mas não faltam contradições de alto potencial explosivo num mundo
dilacerado por desequilíbrios cada vez mais descomunais: enorme concentração de
riqueza, desastres ambientais, violência urbana, guerras permanentes, entre
outros.
Leia também: O
joio e o trigo na Revolução Russa
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