Em 2016,
Nate Paker lançou o filme “O Nascimento de uma Nação”, dirigido e estrelado por
ele. A produção estadunidense dramatiza uma rebelião de escravos ocorrida em 1831,
que foi rapidamente massacrada e teve seus líderes enforcados.
O
título do filme é o mesmo do clássico dirigido David W. Griffith, lançado em
1915. Mas, ao contrário de Parker, Griffith mostrava os negros como animais
brutos e estupradores de mulheres brancas. Além disso, apresentava a Ku-Klux-Klan
como uma organização de heróis justiceiros.
A trama
dos dois filmes se passa no século 19, mas o racismo americano vem de data
muito anterior. Já em 1776, a declaração da independência dos Estados Unidos descrevia
os indígenas como seres “selvagens e
impiedosos, que adotavam como regra de guerra a destruição sem distinção de
idade, sexo e condições”.
As linhas acima foram escritas tendo
como inspiração os ideais de George Washington, Benjamin Franklin e Thomas
Jefferson, considerados “pais fundadores” da “América Livre”. E, de fato, é a essa tradição que a
classe dominante americana é leal. Exemplos não faltam.
Bush
considerou o furacão Katrina um castigo divino contra a população negra de Nova
Orleans. Obama foi, no mínimo, omisso diante dos terríveis episódios de
violência racista que marcaram seu governo. A eleição de Trump foi comemorada
pela Klu-Klux-Klan.
Quando Griffith
lançou seu filme, negros eram espancados, enforcados e queimados em macabros
espetáculos públicos. Cem anos depois, Parker estreou sua produção num país em que
os negros são oito vezes mais sujeitos a serem assassinados do que brancos.
A “América”
branca e elitista só consegue trazer à luz incontáveis mortes escuras.
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