Diante da ameaça contrarrevolucionária,
os membros dos sovietes, incluindo bolcheviques, entraram em pânico. Mas grande
parte dos trabalhadores e soldados de Petrogrado reagiu de forma diferente. Foram
criados destacamentos de luta e um comitê de resistência à contrarrevolução.
Mesmo sendo minoria, os bolcheviques
assumiram o controle das operações. Para participar, exigiram uma condição: a organização
de milícias populares. Cerca de 40 mil trabalhadores de vários ramos foram
armados e tornaram-se um só exército.
No distrito de Vyborg, soldados assassinaram
oficiais que se recusaram a reconhecer a autoridade do comitê revolucionário. Na
Finlândia, a tripulação de um navio de guerra ameaçou executar oficiais que não
jurassem fidelidade às "organizações democráticas".
Os ferroviários destruíram os
trilhos que seriam utilizados pelas tropas contrarrevolucionárias. Três mil
marinheiros armados chegaram de Kronstadt para defender os sovietes.
Em 30 de agosto, Kornilov seria derrotado
sem um único tiro.
Lênin, ainda no exílio, errou feio neste
episódio. Para ele, o golpe era uma fantasia criada pela esquerda moderada para
justificar seu apoio ao governo provisório.
Mas quando a ameaça se confirmou, não
hesitou em defender a resistência a qualquer custo. Uma ditadura de Kornilov seria
muito pior que o fraco governo Kerensky. O problema é que esta orientação só chegou
aos bolcheviques após a derrota do golpe.
Informado dos fatos, Lênin apenas admitiu que as avaliações dele e as dos trabalhadores "coincidiram totalmente”. Esta estranha
“coincidência” mostra como o processo revolucionário de 1917 foi contraditório.
Leia também: Agosto
de 1917: o golpe conservador é derrotado
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