Na primavera de 1921, quando os
bolcheviques esmagam a insurreição camponesa de Tambov, não utilizaram apenas
canhão e metralhadoras. Para tentar separar a massa dos camponeses –
majoritariamente semianalfabetos – dos revoltosos, eles editam 326 mil exemplares
de 10 panfletos, 109 mil exemplares de 11 brochuras, 2 mil de uma bandeirola,
15 mil exemplares de cada um dos 12 números do jornal “O Agricultor de Tambov”
e 10 mil exemplares de cada um dos 16 números do jornal especial da direção
política do exército.
Mas exército comandado por Trotsky ia além do nível da informação.
Um soldado dos contrarrevolucionários
escreveu:
...os Vermelhos se mostraram mais
inteligentes e mais perspicazes: impiedosos com os “contras” de todo tipo, eles
compreendiam a necessidade de entrar em acordo, de tempos em tempos, com o
cidadão comum, que constituía 90% da população do país que queriam conquistar.
(...)
Os Vermelhos eram movidos pela
simples aritmética somada à consciência de classe: de seu lado do front, foram
essencialmente a burguesia e a intelligentsia que sofreram todas suas medidas
repressivas e requisições; ora, essas categorias eram quantitativamente
insignificantes e não contavam com nenhuma simpatia das camadas populares.
(...)
O povo de baixo não se compadecia
das vítimas do terror vermelho; o destino delas lhe era indiferente e, em sua
memória, os carrascos foram os Brancos. Assim, a política interna dos
bolcheviques entre os anos 1918 e 1920 era justificada e foi efetivamente
sensata, eu diria até que foi moderada.
Enfim, muito mais que baseada na
bala, foi uma vitória classista.
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