Escrevendo no Globo, em
29/06/2018, Pedro Doria afirmou:
A
Uber não foi pensada para carros com motorista. Ela entra no azul mesmo quando
não precisar mais pagar motoristas e substituir a frota por carros autônomos.
Só que, até lá, é preciso acostumar os consumidores com a ideia de chamar um
carro via app. E a maneira de montar um gigantesco portfólio de consumidores é
seduzindo-os e aos motoristas simultaneamente. O segredo que permitiu à Uber se
tornar líder perante suas concorrentes está no capital que levantou. Foi tanto,
mas tanto dinheiro, que lhe permitiu cobrar menos do que taxistas, pagar um
percentual alto da corrida aos motoristas, e se estabelecer rápido em incontáveis
cidades no mundo. Tudo ao mesmo tempo. Faz tudo no vermelho para ser líder ali
na frente.
Em entrevista à
revista da EPSJV/Fiocruz, publicada em 05/07/2018, Marildo Menegat, professor
da UFRJ, lembra que nas plantações de cana:
Quando
as ceifadeiras tornaram-se mais rentáveis, trabalhando 24 horas por dia, cada
uma substituindo até 15 trabalhadores, já não se fazia mais necessária a
presença de cortadores nessa produção.
Esse fenômeno tende a se generalizar, diz Menegat.
O problema é:
...que
o capitalismo produziu hoje é a humanidade como um excesso para o capital. Qual
é a solução técnica para este excesso? Eliminá-la. E isso já está acontecendo:
temos a maior quantidade de refugiados no mundo, a maior quantidade de pessoas passando
fome e a maior quantidade de pessoas trabalhando em condições análogas à
escravidão. E, na história do capitalismo, isso só tende a crescer.
É esta a verdadeira solução capitalista
para a humanidade. A barbárie.
Leia também: A
grande extinção de empregos e o abismo
Serginho, Marildo tem razão quanto à absoluta indiferença do capital frente aos trabalhadores e aos seres humanos. E, portanto, tem ainda razão quanto à possibilidade de tragédias de eliminação ainda mais massiva do que a atual. Basta lembrar que a 1ª Guerra Mundial (1914-18) morreram pelo menos 10 milhões de soldados e 7 milhões de civis.Mas não tem razão ao supor que o capital possa dispensar o trabalho. Capital é trabalho morto empenhado em extrair mais-valor do trabalho vivo. A ferro e sangue.
ResponderExcluirAbraços,
Virǵinia
Sim, Virgínia, o capitalismo não pode dispensar a exploração do trabalho vivo. Até acho que ficou meio confuso, mas acho que ele só se referiu ao excesso de trabalho vivo, não a todo o trabalho vivo.
ExcluirO avanço da tecnologia dispensa muitos trabalhadores, produzindo desemprego, mas cria novos tipos de trabalho. Compete ao Estado preparar os desempregados e os desempregandos para as novas atividades, bem como para o tempo de lazer que, inevitavelmente, cresce.
ResponderExcluirPode ser. Mas como, se o Estado atualmente é controlado pelo modo "piloto automático" com Bancos Centrais decidindo a vida econômica, à margem das eleições e a ideologia dominante afirmando que mais empregos ameaçam a estabilidade da economia?
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