A historiadora e combativa militante socialista Virginia Fontes costuma afirmar que crises capitalistas e crises do capital são coisas diferentes. As primeiras são parte integrante do sistema de produção. As segundas são aquelas que abalam o domínio do capital.
Exemplos de crises capitalistas seriam as sucessivas crises econômicas, tão comuns nos últimos 50 anos. Já as crises do capital, seriam aquelas que podem levar a revoluções como a Russa ou a Chinesa.
Aceita essa premissa, poderíamos pensar na seguinte hipótese: se o capitalismo precisa de crises para funcionar, quando elas se tornam agudas demais, o mais adequado para lidar com elas não seria apelar a governos que piorem suas consequências ao invés de enfraquecê-las?
Hitler e Mussolini desempenharam esse papel durante a enorme crise social e econômica dos anos 1930. Ambos se credenciaram junto aos setores dominantes, como os únicos capazes de apresentar uma alternativa à crescente revolta popular contra o capitalismo. Esta alternativa consistia em levar as massas a se rebelar em defesa do sistema e não contra ele.
Nada disso quer dizer que todos os governos teriam que assumir esse papel tresloucado. Basta que esse fenômeno ocorra em alguns lugares-chave da economia global. No caso do nazifascismo, eram duas economias secundárias da Europa. Ainda assim, capazes de causar os desequilíbrios necessários para que o sistema acionasse seu dispositivo de segurança. Uma mecanismo que permite ao capitalismo em crise aguda livrar-se de recursos humanos e materiais descartáveis.
Desdobramento dessa hipótese para o século 21: será que lunáticos, como Trump e Bolsonaro, à frente de duas das maiores economias no mundo, não estariam desempenhando papel semelhante?
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