Lênin dizia que o imperialismo não é um resquício arcaico da época colonial nem apenas grandes potências intimidando países mais fracos. Trata-se de um sistema global de dominação e rivalidade capitalista, no qual um punhado de poderosos estados capitalistas compete econômica e geopoliticamente em escala global.
As palavras acima são de recente artigo de Alex Callinicos, um dos mais importantes marxistas britânicos dos últimos 40 anos. O texto refere-se à guerra entre Rússia e Ucrânia e procura restabelecer certos critérios que a esquerda, em especial a que se diz marxista, não deveria esquecer ou ignorar.
O conflito em terras ucranianas não tem nada a ver com a defesa de valores democráticos pelo “Ocidente”, lógico. Mas também não tem qualquer coisa que lembre a formação de um polo anti-imperialista a partir de Rússia e China. Os protagonistas nesse cenário continuam a se ser perfeitamente retratados na imagem leninista em que um “punhado de poderosos estados capitalistas competem econômica e geopoliticamente em escala global”.
E ainda que não se trate de considerar todos os envolvidos como farinha do mesmo saco, é preciso reafirmar sempre que uma guerra interimperialista não diz respeito aos interesses dos explorados. Afinal, seus maiores contendores estão muito mais integrados à economia mundial do que estiveram as potências imperialistas do passado.
Dito isso, é importante considerar as sérias implicações que o conflito certamente trará para a luta anticapitalista. E neste aspecto, parece que ainda estamos tateando no escuro. E a falta de luz sempre torna o ambiente perfeito para o avanço da direita. Inclusive, e principalmente, de sua versão fascista.
Voltaremos ao tema.
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