Em 1956, foi embarcado no porto de Nova Jersey o primeiro contêiner cujo modelo viria a ser adotado no mundo todo.
Essa inovação representou, em primeiro lugar, um golpe nas organizações sindicais dos portos. Tradicionalmente combativos, os portuários viram seu poder de mobilização fragilizado pela drástica diminuição de suas ocupações devido à “conteinerização”.
Mas em seu livro “A Fábrica Digital”, Moritz Altenried também diz que a introdução dos contêineres revolucionou a logística, tornando o manejo e a circulação das mercadorias elementos cruciais do próprio processo produtivo.
O autor lembra que em seus esboços para “O Capital”, Marx chegou a argumentar que no capitalismo o comércio tende a deixar de ser uma função que ocorre entre momentos independentes da produção para se tornar inerente a ela.
Altenried considera a computação digital bastante semelhante ao contêiner, com seus modelos de padronização, modularização e processamento. A tecnologia digital se espalhou e agora permeia a maioria das operações logísticas, contribuindo para a aceleração da circulação global, afirma ele.
Um impacto crucial da revolução logística impulsionada por contêineres e algoritmos é uma mudança de poder entre empresas que produzem bens e aquelas que os vendem. Segundo Altenried, a ascensão de gigantes do varejo Amazon e Walmart, duas das maiores e mais importantes corporações da economia atual, além da gigante chinesa Alibaba, está intimamente ligado à revolução logística.
Mas, mesmo assim, esses enormes centros de distribuição permanecem altamente dependentes do trabalho humano. E é para dar conta de mantê-lo disciplinado e produtivo que o capitalismo de plataforma precisa do que nosso autor chama de “taylorismo digital”. Tema da próxima pílula.
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