Eles vestem verde e carregam armas. Andam pela floresta queimando coisas. Estão furiosos com a morte de seus companheiros, mas buscam serenidade no exemplo de bravura dos que tombaram.
São dezenas e carregam espingardas, pistolas, facões, arcos e flechas. São os Guardiões da Floresta. Seu território é o Arariboia. Fica no Maranhão, na zona de transição entre o Cerrado e a Amazônia. Dois dos biomas mais destruídos pela cobiça e truculência da poder econômico.
O grupo tem dez anos, o que mostra que a omissão do Estado é antiga. Em tempo de Bolsonaro, a omissão transformou-se em ação cúmplice.
Eles visitam aldeias para convencer seus membros a não se associarem às atividades de destruição ambiental promovidas pelo poder econômico. Nesses momentos, são as mulheres guardiãs que assumem a frente no diálogo com a comunidade. Mas elas também não dispensam o uso de armas.
Entre suas tarefas, está a destruição de equipamentos dos criminosos ambientais. Madeireiros ilegais, principalmente. Caminhões e tratores ardem. É o único tipo de queimada que alivia o coração dos indígenas e da floresta.
Em junho de 2022, os araribóia receberam no Maranhão seus parentes amazonenses do Vale do Javari para aprender com eles como se defender. O encontro foi promovido por Bruno Pereira. Pouco depois, ele seria covardemente assassinado. “Quando uma árvore tomba, muitas sementes caem no chão e brotam novamente”, disseram os indígenas ao homenagear sua memória.
Os Guardiões da Floresta têm suas próprias tradições e sabedoria. Mas estão fazendo como os Panteras Negras, zapatistas e quilombolas. E eles estão certos.
Com base em reportagem de Daniel Camargos para o Repórter Brasil
Leia também: Tristeza e revolta por Bruno e Dom
Muito boa essa Pílula, poética e contundente. Viva os Guardiões da Floresta.
ResponderExcluirViva!!
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