Em 22 de novembro de 1910, João Cândido Felisberto, membro da Marinha Nacional, liderou uma revolta de 2.300 marinheiros. O movimento assumiu o comando de quatro navios de guerra, apontando seus canhões para o Rio de Janeiro, capital federal na época. A principal exigência era o fim das chibatadas como punição. Por isso, o motim recebeu o nome de Revolta da Chibata. João Cândido ficou conhecido como o Almirante Negro.
Abaixo, um trecho da carta dos revoltosos endereçada ao então presidente Hermes da Fonseca:
Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira (...). Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais, tem sido os causadores da Marinha Brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Excia. faça aos Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilitam, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira...
Caso não fossem atendidos, os marinheiros ameaçavam bombardear a capital. Temeroso, o governo prometeu atender todas as exigências. Mas com exceção do fim das chibatadas, nada mais foi cumprido. Dos 600 revoltosos presos, 18 foram jogados em um cárcere cheio de cal virgem. Somente dois sobreviveram. Um deles era Cândido.
“Vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos”, diz a carta dos marinheiros. Mais de 130 anos depois, nos fazem falta muitas outras revoltas da chibata.
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Podia ser o nosso Couraçado Pontenkim. Que revolta bonita e até bem modesta nas reivindicações, mesmo assim a nossa república continua perversa como sempre foi.
ResponderExcluirPodia mesmo. Mas faz parte da resistência heróica do povo brasileiro, que sempre deixa umas sementes
Excluir"Cerca de 600 revoltosos foram jogados em cárceres cheios de cal virgem". Está errado. Na cela com cal foram 17, com dois sobrevivendo. Outros foram levados para trabalhos forçados no Acre, sendo que vários jogados ao mar pelo caminho. Recomendo a leitura do livro "A revolta da Chibata" de Edmar Morel.
ResponderExcluirAliás, foram 18. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50680851
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