No livro “Libertação Negra e Socialismo”, Ahmed Shawki faz um histórico da luta socialista nos Estados Unidos e sua relação com o combate antirracista.
Um dos socialistas pioneiros naquele país foi o industrial Robert Owen, defensor do que Engels chamou de socialismo utópico. Uma corrente política que propunha uma organização social igualitária, construída de cima para baixo pela elite empresarial.
Owen se opunha à escravidão, mas excluiu os negros da colônia igualitária que criou em Indiana, em 1825. Em contraste, o Clube Comunista de Nova York, criado em 1857, convocava os negros a serem seus membros.
Proprietários de escravos podiam se tornar membros das comunidades criadas por Owen. Os comunistas de Nova York proibiam a adesão deles. Os utopistas eram contra a abolição imediata da escravidão. Argumentavam que a servidão assalariada no Norte era pior do que a escravidão no Sul. Os comunistas eram abolicionistas radicais.
Mas os primeiros grupos marxistas estadunidenses eram pequenos demais para causar impacto no movimento operário da época. Entre 1877 e 1900, a principal força de esquerda estadunidense foi Partido Socialista Trabalhista (PSL). A plataforma aprovada pelo partido defendia "direitos universais e de sufrágio sem consideração de cor, credo ou sexo".
Mas, no geral, o PSL subordinava o combate ao racismo às questões econômicas. Considerava que a agitação em torno de questões como segregação, linchamento ou distúrbios raciais acabariam desviando a atenção da luta real: a abolição do sistema salarial.
Em 1901, surgiria o Partido Socialista dos Estados Unidos, a maior organização socialista americana. Sua relação com a luta antirracista também foi muita contraditória. Mas isso fica para uma próxima pílula.
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